(Arnaldo Antunes/Edgard Scandurra) Trinta e poucos anos ou mais Um tremor discreto na voz Unhas de esmalte lilás Nos dedos das mãos e dos pés Nuvens passam tão devagar Nos cabelos cor de avelã Quando fala sinto exalar Sua língua doce hortelã Não vou te deixar na mão Nem vou te deixar a pé Prêmio de consolação Faz de mim o que quiser Eu tenho um coração de mãe... Quando se debruça no bar Os seus olhos cruzam os meus Me convida para dançar Vai embora e não diz adeus Salto alto no meio-fio Madrugada já quase dia Nehum táxi passa vazio Posso te fazer companhia Não vou te deixar na mão Nem vou te deixar a pé Prêmio de consolação Faz de mim o que quiser Eu tenho um coração de mãe... E depois de um ano ou um mês Aparece triste, abatida Para me ferir outra vez Para eu lhe curar a ferida Trinta e poucos anos ou mais Um tremor discreto na voz Unhas de esmalte lilás Nos dedos das mãos e dos pés Não vou te deixar na mão Nem vou te deixar a pé Prêmio de consolação Faz de mim o que quiser Eu tenho um coração de mãe...